A vida em movimento do médico que fez do esporte sua realização

O esporte sempre foi pra mim algo divertido e, numa época na qual não havia celulares, iPads, nem todo esse acesso à tecnologia que têm as crianças de hoje, eu passava boa parte do meu tempo em alguma atividade esportiva.

Fosse jogando futebol com os amigos, correndo na rua ou pedalando pela cidade. Não por consciência de uma vida saudável, e sim porque era divertido mesmo.

Ao mesmo tempo, o conceito de vida era (e ainda é) algo intrigante. O ser-humano, a natureza e os animais – não sei bem explicar o porque – mas, desde criança, eram fascinantes para mim. Acho que todo mundo tem isso… esses interesses de criança, meio sem explicação.

Eu sabia que queria trabalhar com isso de alguma forma e a ideia de ser médico, desde cedo, me passou pela cabeça. Ao mesmo tempo, havia a questão do esporte. Na época, essas duas áreas me pareciam incompatíveis. Eu tinha que fazer uma escolha.

Doctor Team
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A decisão

Não é fácil escolher entre duas paixões. Por isso, tentei conciliar: decidi que o esporte faria sim parte da minha vida, mas me dedicaria à medicina, como carreira.

Esse sonho de criança, que começou na minha cidade natal (Olímpia-SP) me levou para a cidade de Marília-SP, onde cursei medicina na Faculdade de Medicina de Marília (Famema).

Nos seis anos de faculdade, tive inúmeras experiências gratificantes com amigos, professores, pacientes e, felizmente, também com os esportes.

Participei da Associação Atlética Acadêmica Sérgio Carnevalli como 2º Secretário na gestão de 1994 e como atleta no futebol, atletismo e handebol.

Durante a faculdade, pensava em ser cirurgião, mas no último ano, ao participar de dois congressos de Cardiologia – o da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) em Campos do Jordão, e o Brasileiro em São Paulo – descobri o meu foco.

No ano 2000, passei na prova de Título de Especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e em 2002 na prova para adquirir o Certificado de Atuação em Ecocardiografia, pelo Departamento de Ecocardiografia da SBC.
 

Em 2004 iniciei as disciplinas de pós-graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica, na Faculdade de Medicina da Unesp, de Botucatu. Também trabalhei por 10 anos como cardiologista clínico e ecocardiografista no Instituto de Cardiologia de Marília.

De 2008 a 2020 fui docente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Marília e em 2009 concluí meu Doutorado, com a tese ‘‘Estudo Doppler-ecocardiográfico em Atletas de Diferentes Modalidades Esportivas’’.

Essa tese me rendeu apresentação de trabalhos derivados em vários congressos importantes, como o Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Congresso da Sociedade Americana de Ecocardiografia e Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva, só pra citar alguns.

Embora, a gente tente sempre planejar nossa vida, nem sempre as coisas correm do modo que queríamos.

Mas faltava alguma coisa…

Minha atuação clínica e acadêmica, embora me deixasse satisfeito, me fazia sentir que ainda faltava alguma coisa: Eu não conseguia atuar plenamente na área do esporte e sabia que poderia fazer mais.

No âmbito pessoal, eu me mantive envolvido com a prática, como era meu plano inicial. Eu já havia participado de corridas de rua como nove meias-maratonas e uma maratona.

Quer dizer, eu estava conciliando as coisas. Mas eu sentia que o esporte poderia fazer ainda mais parte do meu cotidiano.

Foi aí que tive a grande oportunidade e felicidade, em 2016, de participar como médico voluntário dos Jogos Olímpicos Rio 2016, sendo médico FOP (field of play) do remo e canoagem. Participei também da Cerimônia de Abertura no Maracanã.

Esse era o fôlego de que eu precisava: estar ali, atuando como médico, no maior evento esportivo do mundo, acontecendo em solo nacional, em meio à rotina, esforço e vitória de grandes atletas. Isso me deu um estalo sobre como conciliar plenamente medicina e esporte.

Após as olimpíadas, decidi me dedicar à Medicina Esportiva. Estudei, me especializei e em 2017 obtive o Título de Especialista em Medicina Esportiva, pela Sociedade Brasileira do Exercício e Esporte..

Doctor Team
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A realização.

Hoje, mantenho minha atuação como cardiologista e médico do esporte na CardioSport Marília.

Recentemente comecei um trabalho de conversar com praticantes de esporte (amadores e profissionais) para entender suas necessidades e dificuldades para poder orientá-los a uma prática mais saudável e com melhor desempenho.

A medicina do esporte é, para mim, a forma de realizar um sonho de infância: estar ativamente conectado à prática do esporte e, ao mesmo tempo, cuidar das pessoas para que suas vidas sejam mais saudáveis, ativas e felizes através do esporte.

Não é preciso ser um atleta profissional para se preocupar com a saúde. Você só precisa conciliar e achar a medida certa.

O esporte é um meio… um meio para encontrar foco, determinação, definir objetivos, se superar e alcançar conquistas que estão dentro, e também muito além dele. Seu corpo, assim como sua vida, deve estar sempre em movimento.